segunda-feira, 4 de maio de 2009

DCE da USP Ocupado: símbolo do início da luta em 2009


Na noite do dia 23 de abril (quinta-feira), cerca de 400 estudantes da USP, reunidos em Assembléia Geral, deliberaram e ocuparam a sede do DCE (Diretório Central dos Estudantes) que estava desde 2006 sob controle da reitoria para reformas e regulamentação do espaço.
Na época em que o DCE foi fechado para as reformas, foi feito um contrato – entre a reitoria e os estudantes - que continha os termos de uso do espaço. Porém, desde o começo de 2009, mesmo com a conclusão dos trabalhos no local, a reitoria não sinalizou o cumprimento do contrato. No lugar da plena e imediata disposição do espaço para as atividades do movimento estudantil, o que se viu foi a burocracia acadêmica titubeando diante de sua utilização pelos estudantes. Os estudantes interpretam que essa postura da reitoria significa uma imposição que acabaria com a autonomia política e financeira do movimento estudantil, além de lhes tirar o direito à gestão de seu próprio espaço, que foi historicamente conquistado.
Os movimentos organizados da Universidade de São Paulo vêm sofrendo, além desse, uma série de ataques que se inserem num contexto de perseguição aos movimentos sociais brasileiros que vêm ocorrendo em todo o país. Ataques como processos contra estudantes que participaram da ocupação da reitoria em 2007 e das mobilizações do congresso da USP em 2008, multa de mais de 300 mil reais imposta ao DCE pela Justiça e também sindicâncias e demissões políticas de funcionários, como a do sindicalista Claudionor Brandão, militante histórico do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) - todas por conta de participação em greves e mobilizações.
Estes são apenas exemplos dos ataques a uma comunidade universitária que recusa calar-se diante das ações da reitoria e do governo de José Serra. Estes, seguindo uma linha política de perseguição às lideranças populares, visam silenciar os movimentos que lutam contra suas políticas cada vez mais privatizantes e que vêm submetendo a universidade pública aos interesses do mercado e das grandes empresas, tirando seu papel de olhar para os interesses da sociedade e da população (essa sim a verdadeira função de uma universidade pública).
A retomada do DCE pelos estudantes é um símbolo que marca o início da luta unificada em 2009 e a necessidade de fortalecer o movimento para que mais estudantes sejam atraídos para a luta.

Univesp: mobilizações em torno da EXPANSÃO COM QUALIDADE do ensino universitário.
No começo do ano, o governo do estado lançou a Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo), para a criação de cursos à distância em massa nas universidades estaduais paulistas, que começam a funcionar já este ano (previsão para início no segundo semestre).
Entretanto, o que poderia ser um avanço na democratização do ensino superior significa desde o primeiro momento a sua precarização. O que há, na realidade, é uma política pública de expansão do ensino universitário SEM qualidade: os cursos reunirão centenas de alunos para cada professor, as verbas investidas em cada aluno serão insuficientes, e nesse esquema serão formados, majoritariamente, professores. Vale aqui lembrar que a grande maioria dos cursos oferecidos pela Univesp têm como objetivo formar professores em cuja formação ficaram pendentes suas respectivas licenciaturas.
A Juventude LibRe interpreta que os docentes formados nesses parâmetros de ensino terão uma qualificação claramente inferior à dos alunos de cursos plenamente presenciais. Esses professores, provavelmente, darão aula nas piores escolas, que infelizmente são as públicas, ao passo que estas estarão servidas de professores com uma qualificação cada vez pior. Ao mesmo tempo, é bom lembrar, o vestibular da USP para os cursos presenciais – seguindo uma orientação nacional de reformulação dos vestibulares - ficará mais elitizado já a partir desse ano. Isso aponta que haverá, no caso das universidades estaduais paulistas, a formação de duas castas de discentes: uns, formados com uma educação de maior qualidade, e, conseqüentemente, com mais impedimentos ao seu acesso; e outros formados pelo ensino à distância, com menos qualidade, e que somarão as fileiras de um ensino público básico já precarizado.

A nossa opinião é a de que a expansão do ensino universitário tem que ocorrer, sim! Mas não acompanhada de uma grande perda na qualidade. Defendemos, então, uma expansão com qualidade e democrática: com todos tendo acesso ao melhor do ensino público. Compreendemos, assim, que o programa da Univesp se dá diante de um problema real, mas um dos seus objetivos centrais é melhorar os indicadores do governo Serra com relação à educação. Portanto, com o governo reconhecendo esse grave problema na sociedade, não há melhor momento para que os estudantes reivindiquem um programa real de acesso ao ensino superior gratuito e de qualidade.
A Juventude LibRe faz coro aos estudantes da USP, se declarando contra a UNIVESP, que entendemos como uma política de expansão deturpada e precarizada.

Contra a UNIVESP! Por um programa real de acesso ao ensino superior gratuito e de qualidade!
Todo apoio à ocupação da sede do DCE-USP! Pela autonomia financeira dos estudantes!
Todos apoio à greve dos funcionários da USP! Contra todas as demissões!
Contra a repressão aos estudantes e funcionários! Abaixo à todas sindicâncias, processos administrativos, e ações na justiça burguesa contra os militantes dos movimentos organizados da USP!
Nenhum centavo a menos para a educação!

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