terça-feira, 20 de setembro de 2011

Magistério espanhol inicia protestos contra cortes em educação

                                                                                                  Susana Vera/Reuters



Madri, 20 set (Prensa Latina) Os professores de rede secundarista de mais de uma dezena de regiões autônomas espanholas iniciam hoje o primeiro de vários dias de protesto contra os cortes na educação e em defesa do ensino público.

Na Comunidade de Madri, governada pelo conservador Partido Popular (PP), uns 21 mil docentes que dão aulas a 230 mil alunos foram convocados para uma greve de dois dias, em coincidência com a inauguração oficial do curso escolar.

À paralisação do magistério madrilenho se somarão, com diversas ações, os educadores da Galícia, La Castilla Mancha, Navarra e Cataluña, cujas administrações também decretaram um aumento das horas letivas para prescindir de professores interinos.

No caso deste território autonômico, os sindicatos do ensino público denunciaram que o incremento de 18 a 20 horas letivas deve levar a perda de três mil empregos e um corte orçamentário de 80 milhões de euros.

Sob pressão para reduzir custos, está-se-lhes ordenando aos pedagogos passar mais horas nas aulas, o qual significa que milhares de professores de apoio serão despedidos, de acordo com as centrais operárias.

Além de repercutir negativamente na qualidade do ensino, os ajustes orçamentais aplicados por numerosas autonomias, muitas delas dirigidas pelo PP, rondam os dois mil milhões de euros e deixarão sem emprego a uns 15 mil interinos.

Os ânimos esquentaram nas últimas horas, após que a presidenta de Madri, Esperança Aguirre, ter afirmado ontem que "se a educação é obrigatória e gratuita em uma fase, talvez não tem que ser gratuita e obrigatória em todas as demais fases. Espanha está em um momento delicadísimo, tão delicado e tão difícil que há que repensar a gratuidade de alguns serviços públicos", destacou Aguirre.

Suas declarações foram interpretadas por diversos setores sociais como um antecipado do que farão os populares, favoritos nas eleições gerais de 20 de novembro próximo, se chegarem ao Palácio da Moncloa (sede do poder central).

Andaluzia, Aragón, Baleares, Cantabria, Castilla e León, País Basco, Extremadura, Múrcia e a cidade autônoma de Melilla também aderiram aos protestos.

Na capital espanhola, o setor educativo, respaldado por pais e alunos, realizará nesta terça-feira uma manifestação baixo o lema A educação não é despesa, é investimento. Não aos cortes.


terça-feira, 13 de setembro de 2011

Formação política da LibRe Gaúcha



LibRe convida:

A Juventude está em movimento?
Retrospectiva, perfil e perspectivas para os jovens brasileiros...

No próximo domingo (18/09) a Juventude LibRe – Liberdade e Revolução do Rio Grande do Sul promoverá a primeira edição de um espaço de formação política para aprofundar reflexões nas temáticas relacionadas à Juventude. A atividade é aberta a amigos e simpatizantes. Participe!

Programação:

DOMINGO (18/09)
9h – Apresentação dos presentes e dos objetivos da formação.
9h20 – Quem é essa juventude? (histórico e perfil atual)
10h15 – Intervalo
10h30 – Continuação dos debates
12h – Pausa para o almoço

14h – Divisão em grupos para aprofundamento nos seguintes eixos temáticos:
- Juventude e Trabalho;
- Juventude e Sexualidade;
- Juventude e Cultura.

16h – Intervalo
16h15 – Retorno para debate no grande grupo
17h30 – Término do debate

18h - Confraternização

Local: Sindipetro-RS (Av. Lima e Silva, 818 - Cidade Baixa - Porto Alegre)


"Sem trabalho, sem luta, o conhecimento livresco do comunismo, adquirido em folhetos e obras comunistas, não tem absolutamente nenhum valor, porque não faz mais que continuar o antigo divórcio entre a teoria e a prática, que é o mais nocivo traço da velha sociedade burguesa."
(LENIN, Tarefas das Juventudes Comunistas, 1920)

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Em debate, a Universidade Popular

Estudantes, professores e militantes se reuniram no I Seminário Nacional Sobre Universidade Popular para discutir os rumos das instituições de ensino superior

André Guerra,
De Porto Alegre (RS)

O futuro da Universidade brasileira e da educação pública foram temas de debate no I Seminário Nacional Sobre Universidade Popular. O evento ocorreu em Porto Alegre (RS) entre os dias 2 e 4 de setembro na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), reunindo pessoas de todo o país para fundar ao que aponta ser um importante passo rumo à democratização da educação brasileira.

O principal objetivo da proposta, segundo Fausto Breda, representante do Movimento por uma Universidade Popular (MUP),  foi “contribuir para que as entidades que compõem as instituições de ensino sejam ainda mais efetivas em suas lutas”.
Tônica da abertura foi a necessidade de uma rearticulação
da luta pela democratização e qualificação das instituições
de ensino público - André Guerra
Após uma aula pública inicial que expôs os objetivos e metas do seminário, centenas de jovens lotaram o salão nobre da Faculdade de Direito da UFRGS. A mesa de abertura contou com os convidados José Paulo Netto, Doutor em Serviço Social e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Paulo Rizzo, professor de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Santa Catarina (UFSC) e ex-presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDRES-SN).

Os questionamentos que permearam o primeiro dia do seminário referiram-se, principalmente, às desestruturações ocorridas no ensino superior desde os anos 90, com a implementação acelerada do projeto neoliberal. Foi ressaltado que, com a intenção de transformar o ensino em mercadoria, a educação deixou de ser tratada como direito e passou a ser vista como um serviço, voltada, majoritariamente, para o lucro. Além disso, refletiu-se sobre as circunstâncias em que a educação está inserida atualmente, sendo pressionada em um espaço que barra o desenvolvimento pleno de todas as potencialidades da sociedade. Nesse sentido, da mesma forma que, por um lado, a Universidade teria o papel de incentivar o pensamento crítico e reflexivo, por outro ela também passa a servir como aparelho ideológico do Estado, sendo usada como instrumento de manutenção da ordem vigente.

“Você tem o conhecimento construído para a opressão, para justificar a exploração, e o conhecimento que liberta, pois não há forma de libertação sem conhecimento”, contrapôs o professor Paulo Rizzo.

A tônica da abertura do seminário foi a urgente necessidade de uma rearticulação da luta pela democratização e qualificação das instituições de ensino público. Foi avaliado que, apesar de haver uma tendência de resistência à desqualificação do ensino, por si só essa medida não basta. As lutas contra o sucateamento, privatização e precarização do ensino superior necessitariam estar articuladas em uma ofensiva que tenha programa e estratégia, interligando as lutas imediatas a um projeto global de melhoria da educação.

Segundo os especialistas, as lutas imediatas referem-se às reivindicações que estão ganhando cada vez mais força nas Universidades de todo o país. Além dos protestos dos alunos que pedem uma educação de qualidade, há uma demanda pela ampliação da assistência estudantil, aumento do valor das bolsas, investimento em restaurantes universitários e aumento do salário dos técnicos administrativos.

“Se for possível vincular as lutas estritamente universitário-acadêmicas às lutas da massa do povo brasileiro, nós não estaremos malhando em ferro frio, não estaremos dando murro em ponta de faca”, afirmou José Paulo Netto.

Netto ainda foi ovacionado quando salientou as dificuldades e cautelas a serem tomadas na construção de um projeto de Universidade Popular.

“Eu queria pontuar que é necessário unificar, naquilo que for possível, a pauta de demandas de docentes e pesquisadores; de servidores técnicos administrativos e estudantes. Isso não se faz docemente, nós sabemos que há tensões e conflitos, mas há um denominador comum de defesa de um projeto de Universidade. É preciso encontrar aliados fora da Universidade. Esses aliados existem em profusão na sociedade brasileira, mas o problema é direcionar essa luta”, disse.

Na visão de José Paulo Netto, o movimento em prol da Universidade Popular não pode ser partidário, no entanto os partidos têm que se comprometer com a causa, pois esta seria uma causa de todos. Ele ainda pontuou que essa reivindicação, embora se refira a uma instituição específica como a Universidade, não pode estar isolada das necessidades da população e da demanda por uma educação de qualidade em todos os níveis.

“A sociedade brasileira não está parada. Tem tensão explodindo em tudo quanto é canto. Essa sociedade é uma panela de pressão que está submetida a um fogo altíssimo. O que nós não temos são organizações”, alertou o professor.

José Paulo Netto também identificou a esquerda como a responsável por conduzir o processo de transformação da Universidade.

“É casual que esse movimento seja um movimento esquerdista? Não, não é casual. Se a esquerda que está na frente, nas suas diferenciadas expressões, que vão de movimentos a partidos políticos, é porque a esquerda, hoje, tem a obrigação e o dever de levantar a bandeira da democratização do conhecimento. Isto é vital para esquerda”, afirmou.

Paulo Netto concluiu com palavras de otimismo em relação ao futuro do ensino superior, considerando que o Seminário Nacional Sobre Universidade Popular pode ser uma grande oportunidade para transformação da Universidade em um espaço plural, democrático e crítico.

“A nossa Universidade se divide em três grandes segmentos: há os revolucionários, aqueles que estão empenhados em mudar a nossa sociedade, mudar o mundo e, portanto, mudar a Universidade. Esses caras são no máximo 10 por cento. Tem os reacionários, que são os restauradores. Esses são no máximo 10 por cento. Os outros 80 por cento são pessoas extremamente bem-intencionadas, sérias e que estão esperando alguém que dê uma direção às suas angústias, às suas insatisfações. Se esse movimento for capaz de dar essa direção, nós podemos mudar a Universidade”, completou.

Publicado originalmente no jornal Brasil de Fato