quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Sem-teto ocupam supermercados em ação contra a fome e a carestia

Na manhã do dia 19 de novembro (quarta-feira), mais de 500 famí­lias do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) e da APA (Associação Periferia Ativa) ocuparam duas filiais dos supermercados EXTRA e CARREFOUR como parte de uma jornada nacional de lutas contra a fome e a carestia. A filial do Extra é a da Estrada do Campo Limpo, na divisa com Taboão da Serra (SP) e a do Carrefour da Giovani Gronchi localiza-se ao lado do terminal João Dias (São Paulo - SP).

A jornada nacional - convocada por diversos movimentos sociais - acontece em 7 estados brasileiros, e em diversas cidades. O objetivo é alertar a sociedade brasileira para o crescente aumento da miséria e dos efeitos da crise econômica. A Juventude LibRe se solidariza com os Movimentos Sociais de todo o Brasil que, nesse momento - em meio à crise econômica, têm destaque na defesa da classe trabalhadora. Abaixo a íntegra do manifesto emitido pelas organizações que compõem a jornada.

Saudações revolucionárias a todos.

Juventude Liberdade e Revolução

JORNADA DE LUTAS DE 19/11
A NOSSA FOME NÃO PODE DAR LUCRO! NÃO PODEMOS PAGAR PELA CRISE!


Hoje, 19 de novembro de 2008, mais uma vez, em luta nos levantamos. São ações simultâneas em 7 estados do Brasil contra o aumento do custo de vida do povo pobre. Desta vez, entramos nos templos-sagrados daqueles que vêem na fome de um irmão o lucro saltando dos bolsos.
No dia de hoje ecoa, em diferentes estados deste rico e imenso país, a voz dos que não têm direito à igualdade racial, ao trabalho digno, ao salário digno, à moradia digna, ao transporte digno, à educação e saúde dignas, nem à alimentação digna, enfim, os que não tem direito à própria dignidade.
Num ato de desobediência civil, aqui ela está: Nossa dignidade. E ela neste momento fala por nós. Fala que não aceitaremos que os ricos fiquem ainda mais ricos com nossa fome. Fala que não aceitaremos que o arroz e o feijão dobrem seu preço enquanto o Estado diz que nada pode fazer, mas ao mesmo tempo injeta bilhões de dólares aos bancos e especuladores. Fala que a terra que deveria produzir o alimento para a sociedade é um mar de cana para fazer rodar os carros em várias partes do mundo. Fala que jogam com nossa fome numa bolsa de valores onde nós somos a única coisa que não vale nada; porque somos gente e não temos preço. Fala que, embora não valhamos nada, é a nossa carne que será usada para pagar a crise financeira mundial. Fala que essa crise – produto de um sistema irracional e injusto – desempregará milhares (ou milhões?) de trabalhadores e lançará outros tantos na mais profunda miséria em todas as partes do mundo e de nosso país.
Mas nossa dignidade não apenas fala, porque nossas vozes são cansadas do sofrimento e da injustiça. Nossas vozes gritam, exigindo aqui, diante de um símbolo do imperialismo, da ganância que eleva o preço da comida e de um sistema que não existe sem crise, fome, violência e injustiça, que seja nosso tudo o que produzimos com nosso suor.
Por tudo isso, exigimos:

- Política estatal de controle e congelamento de preços.
- Manutenção e abertura de novos restaurantes populares públicos.
- Abertura de mercados populares subsidiados pelo estado e administrados por organizações populares.
- Nenhum subsídio ao mercado financeiro. Que o governo subsidie a alimentação, a moradia popular, o transporte público, etc.

ASSINAM ESTE MANIFESTO:

Movimento dos Trabalhadores Sem Teto - Movimento Urbano dos Sem Teto - Movimento Passe Livre (SP) - Movimento dos Conselhos Populares (CE) - Frente Estadual de Luta pela Moradia (MG) - Brigadas Populares (MG) - Movimento das Famílias Sem Teto (PE) -Movimento Quilombo Urbano (MA) - Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (PA) - Centro Popular pelo Direito à Cidade (PA) - Movimento Popular Socialista (PA) - Federação das entidades comunitárias de Castanhal (PA) - Associação Afro-religiosa Omo Ode (PA) - Grupo Garra Afro (PA) - Circulo Palmarino - Movimento Sem Teto da Bahia.

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