Foto: Ramiro Furquim/Sul21
“Não é por vinte centavos”...
Há algo de novo nesse junho que
não acabou. O projeto desenvolvimentista – sustentado pela burguesia, os
monopólios e o latifúndio – tem como centro a maximização dos lucros, passando
por cima de direitos fundamentais, como moradia e transporte. Contrariando os
discursos dos governos que pintam um Brasil em grande desenvolvimento - com
ampla distribuição da riqueza, democracia e justiça social - a juventude,
aliada a amplas camadas populares, saiu às ruas expressando sua indignação. A
juventude brasileira tem mostrado que não quer ver seu transporte, sua
educação, seu lazer, sua arte, sua vida, transformados em mercadoria, indicando
um caminho para uma vida sem catracas: a mobilização popular. Mobilização que
tem sido criminalizada e reprimida pelas polícias e até exército, mostrando a
face antidemocrática deste projeto de sociedade.
Somos estudantes, e temos muito a
ver com tudo isso!
Neste
contexto de lutas populares a disputa que novamente se abre é de projeto de
sociedade. A universidade não está isenta desta disputa. Lutar pelo caráter
público da universidade é se opor à ingerência cada vez maior da iniciativa
privada em nossa formação e produção de conhecimento. Para nós, a única forma
de se contrapor ao projeto privatista em curso é apresentar um projeto alternativo
e popular de universidade, para além da lógica do capital.
O Movimento Estudantil precisa de
estratégia política!
Nos
princípios da década de 1960 – anos anteriores ao golpe empresarial-militar – o
movimento estudantil brasileiro se engajou na construção de um projeto de
educação universitária que respondesse às demandas das camadas populares,
juntando-se aos trabalhadores na luta pelas reformas de base (reforma agrária,
reforma urbana, reforma educacional, etc.). Neste período, construíram-se Seminários Nacionais Pela Reforma
Universitária, que tinham como objetivo promover uma discussão sobre para
que(m) deve servir o conhecimento produzido nas universidades públicas. Em tais
seminários se definiu que a luta universitária não deveria se restringir às
demandas da universidade, mas sim responder às demandas populares como um todo.
Buscamos
resgatar essa luta, construindo um projeto de luta por uma universidade
popular.
Para
tal construção, temos como tarefa imediata a defesa intransigente do caráter
público de nossas universidades, e a isso entendemos que ensino, pesquisa e
extensão devam ter financiamento 100% público e que devam servir aos interesses
do povo, sem sofrer ingerências da iniciativa privada.
Propomos
assim, o fortalecimento de movimentos por uma universidade popular construídos
de baixo para cima. Nós construímos e tivemos uma série de experiências dentro
e fora da UFRGS, dando força para iniciativas como o Grupo de Trabalho
Universidade Popular (GTUP), bem como a diversos projetos de pesquisa e
extensão popular, sempre respeitando suas autonomias.
Para que(m) serve um DCE?!
Acreditamos
que a luta por uma universidade popular é uma luta que deva ser travada em várias
frentes. Devemos, desde baixo, fazer um trabalho de formiguinha, construindo
espaços de diálogo junto aos estudantes –especialmente os que dependem de
assistência estudantil, moradores da casa de estudante, estudantes
trabalhadores, mães, cotistas – para junto a estes construir agendas de lutas,
mobilizações e organização. E igualmente estarmos presentes nos debates acerca
das entidades, como Centros e Diretórios Acadêmicos, Executivas de curso e o
Diretório Central dos Estudantes. Tanto o DCE como as demais entidades devem ser
ferramentas que impulsionem essas lutas e possam ser espaços democráticos, não
só de representação, mas fundamentalmente de participação dos estudantes.
Neste
momento eleitoral, é responsabilidade nossa dar uma resposta à disputa que se
apresenta. Diante da conjuntura política que vivemos com a proximidade da copa
do mundo e à intensificação das lutas populares, é nosso dever refletir sobre
esse processo. Devemos identificar quem esteve ao lado das classes populares
nas mobilizações e quem esteve defendendo o projeto desenvolvimentista dos
governos. Devemos igualmente identificar aqueles que estiveram ombro a ombro
conosco e com os estudantes pobres nas lutas próprias da universidade.
Se
fizermos essa reflexão, constataremos que os companheiros que hoje compõem a
chapa 1 - “Nada será como antes...” - estiveram construindo as mobilizações pelo
transporte público de qualidade, pelas ações afirmativas, contra a resolução
19, pelos espaços estudantis, entre outras. Entendemos que, mesmo com uma
gestão passível de críticas em vários aspectos, é notório o esforço dos
companheiros para aprimorar o modelo de funcionamento da entidade e sua
intransigente luta pelo caráter público de nossa universidade.
Dentre
as opções que se apresentam, é a chapa 1 a única capaz de manter o DCE nestas
trincheiras e ainda evitar o retrocesso de uma possível vitória de setores que
apoiam o projeto desenvolvimentista, privatista e antidemocrático de
universidade e sociedade.
Nesse
momento, privilegiaremos outros espaços em que atuamos, como grupos de extensão
popular, cursinhos populares, entidades estudantis de base, movimentos sociais,
entre outros, e por isso nossas organizações decidiram não compor este ano
nenhuma chapa para o DCE. Entretanto, de forma independente, nossa posição é
chamar nossa militância, amigos e simpatizantes a votarem na chapa 1 - “Nada
será como antes...”, por um DCE independente das reitorias e governos, que
consiga superar seus limites e fragilidades na práxis da luta por uma universidade
pública e popular.
Porto Alegre, 13 de
novembro de 2013.
Juventude Comunista Avançando (JCA)
Juventude Liberdade e Revolução (LibRe)
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