segunda-feira, 19 de julho de 2010

Feministas condenam construção de nova base militar estadunidense

Honduras deve construir, em breve, mais uma base militar com a justificativa de combater o narcotráfico e o crime organizado. O projeto, que tem o apoio dos Estados Unidos, está causando o descontentamento de organizações sociais do país por considerarem que a atitude do governo hondurenho dá máxima abertura para que os EUA manipulem e ocupem o território como se fosse parte de seu país.

Atualmente, Honduras já tem uma base militar instalada em Laguna de Caratasca, no departamento de Gracias a Dios, onde realiza operações conjuntas com o exército dos Estados Unidos. A próxima base militar será instalada na ilha de Guanaja. Com mais este projeto de ocupação, Honduras deverá exercer o controle em uma parte do Caribe. Ainda não há informações sobre os custos do projeto.

O argumento utilizado pelo governo, de que a iniciativa visa combater o narcotráfico, é questionada. As integrantes do Movimento de Mulheres pela Paz "Visitación Padilla" condenaram a atitude entreguista do governo golpista de Porfirio Lobo. Segundo elas, a expansão da atuação dos EUA em Honduras nada mais é do que uma boa oportunidade para ocupar e manipular este território.

"Dolorosamente vivemos a invasão descarada dos ianques que sem autorização legal, e sem consulta a nosso povo voltam a converter-nos em seu "pátio traseiro" como nos chamou Ronald Reagan nos anos 80, evidenciando a América Central como um flanco que não podem deixar à deriva na guerra que já se anuncia e que caminha aceleradamente", assinalam as feministas em comunicado.

As integrantes da "Visitación Padilla" asseguram que a dominação, submissão e o desrespeito à dignidade dos povos são condutas estadunidenses que nunca serão esquecidas. Da mesma forma, não será esquecido que a farsa do golpe de Estado militar foi uma ação necessária dentro da estratégia estadunidense para abrir o caminho à instalação das duas bases militares.

Ocupação militar

Não é apenas em Honduras que o exército estadunidense está estabelecido com a justificativa de combater o narcotráfico e o crime organizado. Hoje, a Colômbia, país com os mais elevados índices de narcotráfico, é um dos grandes aliados dos EUA e sedia sete bases militares. Por influência e, a mando dos EUA, a Colômbia desenvolve uma constante perseguição e assédio à Venezuela.

O Panamá também sofre processo de militarização. Segundo denúncia do Honduras Libre, há registros de militares estadunidenses infiltrados de modo clandestino no país. O presidente, Ricardo Martinelli, cujo irmão tem ligações com o narcotráfico, nega a presença dos EUA em seu país.

Mais recentemente, o território costa-riquenho também foi entregue aos cuidados do exército dos EUA para o combate ao narcotráfico. Em dois de julho, a presidente Laura Chinchilla deu carta branca para a entrada de 46 navios da Armada, 200 helicópteros e mais de 13 mil soldados e civis estadunidenses que permanecerão, supostamente, por apenas um ano na região.

Segundo Honduras Libre, o México poderá ser o próximo da lista. O país vive uma séria crise desatada pelo narcotráfico. Assim, o cenário de caos "poderia ser aproveitado pelos Estados Unidos para tentar militarizar seu vizinho do sul, usando como desculpa ‘a luta contra o narcotráfico’".


Natasha Pitts, Jornalista da Adital

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