quinta-feira, 29 de julho de 2010

EDUCAÇÃO e DEMOCRACIA

"A grandeza de um homem se define por sua imaginação. E sem uma educação de primeira qualidade, a imaginação é pobre e incapaz de dar ao homem instrumentos para transformar o mundo"
Florestan Fernandes

Escrito por John Kennedy Ferreira

Diante de um mundo em constante mudança, tendo as novas tecnologias como condutores da realidade e a realidade marcada por uma forte competição para adentrar no mercado de trabalho, os dados do sistema educacional brasileiro mostram um descompasso entre o que é dito e a realidade. Mais de 30% dos jovens abandonam as escolas antes de terminarem o ciclo fundamental, cerca de 10% dos estudantes que terminam o ciclo médio são analfabetos instrumentais. Igualmente, pesquisas mostram que boa parte dos jovens não vê perspectivas na vida escolar e há, ainda uma grande parte que só freqüenta a escola obrigados pelos pais por causa dos benefícios vinculados, como bolsa família e outros. Isso condiciona imensas parcelas da juventude a ter suas possibilidades futuras resumidas a “bicos”, ao ócio e ao mundo do crime.
Do lado dos educadores a situação não é melhor, mais de 90% dos professores já foram vítimas de agressões morais e físicas, mais de 40% apresentam problemas psicológicos, que somados os baixos salários, os empurram para jornadas gigantescas e estafantes, impossibilitando-os à atualização ou melhoria da condição docente. A atitude dos governantes tem sido leniente, ora resume os problemas educacionais como culpa dos trabalhadores da educação, ora joga a culpa no ambiente familiar. Mas sempre se isenta de qualquer responsabilidade sobre a realidade que cerca as pessoas e a vida social.
A escola reproduz a sociedade, sua cultura, promessas e desigualdades. Portanto a escola e a educação, numa sociedade desigual como a brasileira, reproduzirão toda a violência e desajuste cultural que este universo produz. Se a educação e as escolas não têm conseguido alcançar índices satisfatórios de aprendizado isso ocorre por que a sociedade não tem garantido acesso a empregos, moradias, saúde, transporte, cultura e lazer, às vastas parcelas da população de maneira digna.
A tentativa de condicionar a escola de massa e pública a depósitos de gente, sem organização sistemática do saber, alienada, sem vinculação com a produção científica e acesso às técnicas modernas de trabalho é uma forma autoritária de priorizar a educação de qualidade às classes privilegiadas e às suas escolas privadas.
Dessa forma a educação deve ser um dos aspectos de luta democrática do povo brasileiro. Esta deve funcionar como instrumento de transformação capaz de se desfazer do autoritarismo, da hierarquização e das práticas de servidão. O que significa que além do trabalho didático, as escolas devem formar um sistema comunitário de instituições sociais. Envolvendo democraticamente a comunidade, inclusive com a eleição da direção escolar e de grêmios e associações de pais, vinculadas a uma organização autônoma do meio social.
De igual forma a pedagogia deve ser transformada, a educação deve estar voltada para o mundo e para o futuro. A escola deve estar aliada à preparação para o trabalho, a introdução às ciências e ao conhecimento com incentivo à pesquisa e ao estudo aplicado. A educação e a escola só têm sentido se ministrarem um conteúdo ativo que sirva para mudar o ser e a realidade, se forem aporte de um novo patamar de relações humanas e democráticas.
Cremos que a luta por uma escola pública de qualidade exige a mobilização de parlamentares, sindicatos, estudantes, comunidades e de todos aqueles vinculados à democrática transformação social do Brasil.
Por isso lutamos para que o salário do professor esteja em um patamar definido nacionalmente, pela profissionalização do ensino, pelo estimulo à ciência e ao conhecimento, pela democratização da escola com grêmios livres, eleição de diretores. Pelo fim da aprovação automática, por escolas integradas e escolas de educação especial.


John Kennedy Ferreira é mestre em ciência políticas, professor universitário, do ensino médio e fundamental. Ativista educacional, faz parte do NEILS (PUC) é também conselheiro da APEOESP, SIMPEEM, foi diretor do Sindicato dos Sociólogos, coordenador da Ação da Cidadania contra a Miséria e a Fome, compôs a coordenadoria de Ação Social do Governo do Marta Suplicy e participou da assessoria e mandatos federais de Luiz Eduardo Greenhalgh e Florestan Fernandes .
É Candidato a deputado federal pelo PSOL - 5052


PLÍNIO – Presidente - 50
PAULO BÚFALO – Governador – 50
MARCELO HENRIQUE –Senador – 500

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