quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Marcha movimenta a capital do Forum Social Mundial

Uma marcha com a participação de aproximadamente dez mil pessoas deu continuidade às atividades do Forum Social Mundial 10 Anos, na tarde de ontem (25), em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Movimentos sociais, organizações e membros da sociedade civil ergueram suas bandeiras e deram gritos de ordem na caminhada entre o Mercado Municipal, no centro da Capital gaúcha, até a Usina do Gasômetro, às margens do Rio Guaíba, percurso que durou mais de duas horas.

À frente, lideranças e expressões religiosas unidas reivindicavam liberdade e respeito às diferenças de credo. Segundo os organizadores da manifestação, o Rio Grande do Sul reúne 65 mil Terreiros de Umbanda, sendo o Estado mais negro do sul do país. Entre os manifestantes estava o jovem José Carlos Lemos que denunciava o racismo na Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS.

"Há dois anos, estudantes escreveram frases racistas contra pessoas afro-descendentes brasileiras, nas paredes da Universidade e a polícia não foi inteligente o suficiente para punir os responsáveis", denunciava José Carlos. Segundo ele, dois anos depois não houve punição e membros da Brigada Militar receberam promoção.

O argentino Jorge Tranquilauquen, da Província de Buenos Aires, veio ao Forum como representante de um grupo de agricultores familiares. Após participar do 1º Forum de Economia Solidária, em Santa Maria-RS, quis continuar participando do FSM na Grande Porto Alegre. "Estamos na Marcha para dar continuidade ao processo de reflexão por um outro mundo possível. Na Economia Solidária, o caminho é lento, mas temos muita esperança," concluiu Jorge.

Uma forte concentração de mulheres também marcou presença. "A nossa maior bandeira é lutar contra toda a espécie de violência e discriminação", afirmou Silvana da Liga Brasileira de Lésbicas.
Para João Pedro Stédile, membro da Via Campesina e líder do MST, o Forum Social Mundial tem uma história exitosa porque, ao longo desses dez anos, conseguiu reunir uma ampla variedade de movimentos sociais e forças que lutam contra o neoliberalismo.

"Acredito que conseguimos derrotar o neoliberalismo enquanto projeto ideológico, mas ainda precisamos juntar mais forças para derrotar o neoliberalismo enquanto projeto econômico e derrotar o imperialismo," destacou Stédile enquanto caminhava com a multidão. Para o sociólogo e ativista, ainda há uma longa caminhada pela frente.Na sua opinião, "os pilares do neoliberalismo que foram derrotados, foi, em primeiro lugar, o discurso ideológico que dizia que o capitalismo era o sistema mais perfeito da história. Segundo, que o mercado resolvia todos os problemas e, ao invés disso, ele só criou problema. Em terceiro lugar, os adeptos do neoliberalismo defendiam o Estado mínimo, mas na crise, tiveram que apelar para o próprio Estado salvar seus bancos.

Por último, a atual crise demonstrou que esse projeto de crescimento econômico a qualquer custo, visando apenas o lucro, é inviável sob o ponto de vista ambiental. O planeta já não tem mais matéria-prima suficiente para produzir tantos bens de consumo descartáveis", concluiu Stédile.

Após a marcha, os participantes continuaram concentrados às margens do Guaíba, próximo à Usina do Gasômetro para assistir a shows musicais que reunia bandas como Bataclã FC, Renato Borgetti, Revolução RS, Marieti Fialho, Tonho Crocco, Banda Gog, Teatro Mágico, Papas da Língua e Marcelo D2.

Nenhum comentário: