
À frente, lideranças e expressões religiosas unidas reivindicavam liberdade e respeito às diferenças de credo. Segundo os organizadores da manifestação, o Rio Grande do Sul reúne 65 mil Terreiros de Umbanda, sendo o Estado mais negro do sul do país. Entre os manifestantes estava o jovem José Carlos Lemos que denunciava o racismo na Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS.
"Há dois anos, estudantes escreveram frases racistas contra pessoas afro-descendentes brasileiras, nas paredes da Universidade e a polícia não foi inteligente o suficiente para punir os responsáveis", denunciava José Carlos. Segundo ele, dois anos depois não houve punição e membros da Brigada Militar receberam promoção.
O argentino Jorge Tranquilauquen, da Província de Buenos Aires, veio ao Forum como representante de um grupo de agricultores familiares. Após participar do 1º Forum de Economia Solidária, em Santa Maria-RS, quis continuar participando do FSM na Grande Porto Alegre. "Estamos na Marcha para dar continuidade ao processo de reflexão por um outro mundo possível. Na Economia Solidária, o caminho é lento, mas temos muita esperança," concluiu Jorge.
Uma forte concentração de mulheres também marcou presença. "A nossa maior bandeira é lutar contra toda a espécie de violência e discriminação", afirmou Silvana da Liga Brasileira de Lésbicas.
Para João Pedro Stédile, membro da Via Campesina e líder do MST, o Forum Social Mundial tem uma história exitosa porque, ao longo desses dez anos, conseguiu reunir uma ampla variedade de movimentos sociais e forças que lutam contra o neoliberalismo.
"Acredito que conseguimos derrotar o neoliberalismo enquanto projeto ideológico, mas ainda precisamos juntar mais forças para derrotar o neoliberalismo enquanto projeto econômico e derrotar o imperialismo," destacou Stédile enquanto caminhava com a multidão. Para o sociólogo e ativista, ainda há uma longa caminhada pela frente.
Por último, a atual crise demonstrou que esse projeto de crescimento econômico a qualquer custo, visando apenas o lucro, é inviável sob o ponto de vista ambiental. O planeta já não tem mais matéria-prima suficiente para produzir tantos bens de consumo descartáveis", concluiu Stédile.
Após a marcha, os participantes continuaram concentrados às margens do Guaíba, próximo à Usina do Gasômetro para assistir a shows musicais que reunia bandas como Bataclã FC, Renato Borgetti, Revolução RS, Marieti Fialho, Tonho Crocco, Banda Gog, Teatro Mágico, Papas da Língua e Marcelo D2.
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