segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Até sempre, comandante Almeida

O povo cubano e companheiros do comandante Juan Almeida Bosque, herói da Revolução Cubana, se despedem com tributo em todo país após sua morte no último dia 11 por parada cardio-respiratória. Aos 82 anos, como representante e um dos chefes da Revolução, Almeida era membro do Birô político e vice-presidente do Conselho de Estado que, junto ao Comitê Central do Partido Comunista, emitiram a nota de falecimento e algumas homenagens. Um dos assaltantes ao quartel Moncada, em 1953, oficial fundador do Exército Rebelde é, também, conhecido pela célebre frase dita em meio a um difícil combate: “Aqui ninguém se rende”. De diversas partes do mundo mensagens de condolência são recebidas para homenagear o comandante cubano. Hugo Chávez, em nome do Governo e povo venezuelano enviou nota, “viverá para sempre em nossas lutas e vitórias”, assim como, o Partido Comunista do Chile, que manisfestou sua homenagem com cartas dirigidas a Fidel e Raúl Castro.

Comandante Almeida, PRESENTE!

O texto que segue é de Manuel E. Yepe, para o periódico Granma.


A nota emitida pela direção do Partido e do governo sobre a morte do comandante da Revolução Juan Almeida destaca que "sua especial sensibilidade humana e artística tornou possível o difícil desafio de simultanear seu intenso, responsável e fecundo labor como dirigente revolucionário, com uma importante e vasta obra artística, que inclue mais de 300 canções e uma dúzia de livros que constituem um grande aporte para o conhecimento da nossa história".
Este aspecto que, para os cubanos é tão natural, não é fácil de entender fora do nosso país.
Em 1960, sendo diretor do protocolo da Chancelaria cubana, acompanhei o recém-eleito embaixador de um país do Leste europeu em sua visita de cortesia ao chefe do Exército Rebelde, na época, comandante Juan Almeida Bosque.

Este era um dos primeiros encontros do diplomata com autoridades do mais alto nível do governo cubano. Era um homem que falava o castelhano quase perfeitamente por tê-lo aprendido sendo combatente nas brigadas internacionais que defenderam a República espanhola do fascismo.

No trajeto, de carro, do Ministério das Relações Exteriores à sede do Estado-Maior do Exército, o enviado europeu me pediu e lhe forneci informação sobre a trajetória militar e revolucionária de quem fora assaltante ao quartel Moncada, expedicionário do iate Granma, e fundador e chefe do 3º Front Oriental do Exército Rebelde na Serra Maestra.
Quando falei da temeridade, da disciplina e da modéstia que faziam com que Almeida fosse um dos mais queridos heróis da Revolução, também mencionei, porque me pareceu importante para identificar sua sensível personalidade, que era compositor de peças musicais.

Depois das apresentações necessárias e das boas-vindas por parte de Almeida ao embaixador, este expressou sentimentos de solidariedade à Revolução cubana e de agradecimento pela oportunidade de poder contatar uma de suas figuras mais relevantes.

Recorrendo à informação recém-recebida, o embaixador demonstrou seus conhecimentos acerca da obra político-revolucionária de Almeida, mas, para terminar, com evidente ânimo de enfatizar suas mostras de simpatia, afirmou sentir grande admiração pelos "hinos de guerra que você compõe".

O comandante Almeida, inalterável, exprimiu seu reconhecimento pela declaração de solidariedade à Revolução cubana e, a seguir, com um sorriso que denotava compreensão, esclareceu-lhe que, embora ele travasse guerra... compunha canções de amor.

O diplomata corou.

Sem voltar a falar do assunto, prosseguiu a conversa acerca das perspectivas dos vínculos entre a nação representada pelo embaixador e Cuba, que concluiu meia hora depois, com uma despedida cordial.

Mal subimos ao carro para retornar, o diplomata europeu me disse: "Você proferiu parcos elogios. É um homem extraordinário. Por isso compõe canções de amor".


Publicado originalmente em: www.granma.cu/

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