sábado, 6 de junho de 2009

Repressão do Governo Serra: USP amanhece ocupada pela Polícia Militar

Desde a manhã de segunda-feira, 1° de junho de 2009, o campus Butantã da Universidade de São Paulo, em decorrência de ação movida pela reitora Suely Vilela, permanece ocupado por tropas da polícia militar. O intuito dessa ocupação é impedir a realização de piquetes no prédio da reitoria, por parte de funcionários que estão em Greve há um mês, reivindicando reajuste salarial, liberdade de organização sindical e manutenção de um terço de seus cargos que estão em risco.Na mesma tarde do início da ocupação, professores transferiram suas aulas para frente da Reitoria como ato de repúdio à presença militar na Universidade, contribuindo para a retirada momentânea das tropas. Na manhã do dia seguinte, terça-feira, a polícia militar voltou a atuar no campus. Dessa vez, houve uma tentativa clara de aprisionamento de um dos dirigentes do sindicato dos trabalhadores da USP (Sintusp), que estava fazendo um piquete no centro de práticas esportivas da USP (CEPEUSP). No entanto, estudantes das três universidades estaduais (USP, UNESP e UNICAMP), em manifestação conjunta com os funcionários em greve, contribuíram para a retirada novamente da presença militar. Na manhã de quarta-feira a mesma situação verificada no início da semana voltou a se repetir: tropas policiais em frente a reitoria e manifestação de professores e estudantes contra a repressão no campus. Quinta-feira, revoltados com as atitudes antidemocráticas da Reitoria, cerca de 400 estudantes fizeram uma manifestação em frente ao prédio da Fuvest, símbolo do filtro social para entrada na Universidade. Além de interditar o portão 01 da USP, o Ato chegou a paralisar um cruzamento de uma das principais vias de acesso do bairro do Butantã. Com a chegada da tropa de choque, os manifestantes recuaram e iniciaram a organização de uma assembléia para decidir quais seriam os rumos da mobilização a partir daquele momento. Essa assembléia contou com mais de 1.000 estudantes e deliberou greve imediata. Entre as pautas gerais de reinvidicação dos estudantes estão: abaixo a UNIVESP (Universidade Virtual do Estado de São Paulo), aumento de verbas para a educação, fora PM do campus, fora Suely Vilela e eleições diretas para reitor.


Com o apoio do governo Serra, de parte da imprensa que insiste em fazer sensacionalismo das ações estudantis sem focalizar os verdadeiros motivos que levam a tais ações; e de grupos conservadores da USP, a Reitoria insiste em manter a ocupação militar no campus. Essa atitude nos faz sentir a dor de uma das mais profundas cicatrizes deixadas por um recente, fúnebre e extenso período em nossa história – a Ditadura Militar. A criminalização dos movimentos sociais, tanto na Universidade quanto fora dela, é um processo incompatível com um regime que se diz democrático. No entanto, meios de comunicação de massa e alguns membros do setor acadêmico insistem em defender tal processo. Esse triste fato nos mostra que o espectro da ditadura ainda está presente em nosso cotidiano.Contudo, é dever da juventude lutar para mudar essa realidade. A mobilização está crescente. A Juventude Libre, junto ao Movimento Estudantil, defende a livre produção de conhecimento e uma educação de qualidade, que esteja a serviço da população, como parte da luta para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Não nos renderemos frente aos setores conservadores que querem nos calar.

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