sábado, 6 de fevereiro de 2010

ENFF comemora cinco anos na construção do conhecimento

Com todas as forças possíveis uma parcela, delimitada em alguns poucos figurões, entretanto que detém grande parte dos poderes no país (mídia burguesa, bancada ruralista, fazendeiros e gigantes do agronegócio), se empenha para diluir deliberadamente o trabalho pela reforma agrária ao criminalizar e reprimir, justo, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) que aplica conceitos relativamente inversos àqueles que pretendem a manutenção de uma lógica onde muitos são excluídos. Felicitamos o quinto aniversário da Escola Nacional Florestan Fernandes, a ENEF que, dentre tantas outras já apresentadas pelo grupo, aponta como uma das inciativas de luta a seguir de exemplo para a esquerda.


A notícia foi retirada do site do MST

Neste começo de ano, comemoramos cinco anos da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF). Mas essa história, em constante construção, começou bem antes. Quem sabe podemos arriscar dizer que surgiu lá em 1984 quando, no Paraná, centenas de trabalhadores rurais decidiram fundar um movimento social camponês, que lutasse pela terra e pelas transformações sociais no Brasil. Entre os pilares do MST, sempre estiveram a educação e a formação política, entendidas aqui como um processo de estudo e prática, através de cursos, reuniões, ações coletivas, e de luta. Muitos foram os cursos realizados pelo Brasil afora, e em 1996 surgiu a necessidade de se ter um espaço que pudesse fortalecer esse processo de estudo, articulação e intercâmbio entre as organizações de trabalhadores do campo e cidade que lutam por um mundo mais justo.

“O objetivo da escola é a apropriação do conhecimento para a transformação dessa realidade, deste mundo. A proposta de construção inicia a partir de todo um processo do que é de fato o MST, uma construção coletiva a partir da solidariedade e do trabalho voluntário”, explica Maria Gorete, da Coordenação Político-Pedagógica da ENFF.

A construção da ENFF foi realizada por meio de um processo não tradicional: técnica solo-cimento, ou seja, com blocos feitos pelos próprios trabalhadores a partir da prensagem da terra. Neste sentido, a construção da escola significava uma escola em construção, e pessoas em construção. A ENFF se transformou em um espaço de criação de novas relações sociais e humanas entre as trabalhadoras e os trabalhadores voluntários que, ao aprender a técnica de construir com terra, foram construindo a si mesmos como cidadãos, através dos estudos e do contato com a natureza, das trocas de experiências, da solidariedade.

Inaugurada oficialmente no começo de 2005, a escola vem organizando cursos livres em várias áreas do conhecimento. Por ela, já passaram já mais de 16 mil educandos/as, com uma participação feminina que ronda em média os 50%, cerca de 500 professores voluntários e aproximadamente 1,9 mil visitantes de todo o mundo.

Dezenas de homens e mulheres passam por aqui e com suas palavras, seu trabalho, suas árvores plantadas participam dessa construção: esta é uma escola do povo, da classe trabalhadora de todo o mundo. E mais gente, muito mais gente está por vir: esta escola de terra e cimento apenas começou, tem que crescer, para dar conta de tamanho desafio. Seguir é apenas uma tarefa para quem nasceu sabendo que nunca deverá parar.

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